Esse é um texto diferente de tudo o que já postei aqui. Pensando se posto ou não, resolvi fazê-lo.
Último show de cabelo grande. 🙂 Foto de Rafaela Vieira
Tempos atrás, Wolmer doou seu cabelo para o ACCG – Hospital Araújo Jorge de Goiânia. Denis também doou o dele. Nessas férias, pensei com mais carinho nisso, pois já estava na hora de mudar o visual. Conversando com amigos, levantei a possibilidade de repicar. Depois pensei melhor e achei que seria mais interessante doar o máximo que pudesse e esperar o tempo passar pra crescer ou adotar esse visual diferente do que estão acostumados nos palcos com minhas bandas.
Pleno feriado de quinta, lavo o cabelo pra deixar bonito e cheiroso e vejo que o barbeiro ao lado está aberto e faço o corte patrocinado por minha mãe Eliana e minha tia Edna. Agradeço muito. hehehehe Corto e como bem me ensinaram, embrulho num jornal para evitar o ressecamento. Minha mãe também me oferece duas bonitas e volumosas madeixas já cortadas de minha sobrinha.
Na sexta, passo na Rodoviária de Goiânia perto das onze da manhã para encontrar a amiga Mikaele que embarcaria para uma viagem. Como a Rodoviária seria ponto de baldeação por meio do meu cartão integração, levei junto os cabelos. Deixei bem embrulhados e coloquie numa sacola para seguir ao Hospital Araújo Jorge afim de fazer a entrega.
Por um vício de praticidade, gosto de amarrar as sacolas em minha calça no passador do cinto (não sei o nome, ok?). Prefiro andar com as mãos livres. Em determinado momento, sinto um esbarrão. Isso foi após completar o saldo do meu cartão do ônibus. Até hoje eu não sei se me furtaram ou se esbarrei em alguma quina e a sacola (amarrada em minha calça) caiu no chão. Isso não vem mais ao caso. Sendo furto ou achado, perdoo quem o fez. Me ajudou de uma forma abstrata, talvez até melhor do que só entregar o cabelo e voltar feliz e calado pra casa.
Depois de uma tarde de pensamentos acerca do ocorrido, resolvo fazer a primeira postagem no meu perfil do Facebook. Perguntei se alguém viu uma sacola com cabelos. Completamente sem sentido, né? Eu sei. Não havia muito o que fazer e eu realmente me frustrei com a situação. Senti meu dia perdido, pois a finalidade não se cumpriu.
Muita gente se solidarizou comigo e isso trouxe paz pro meu dia. Apareceram Flavia, Carol, Marinnara e André para me doarem cabelos seus e de familiares. Isso me trouxe ainda mais alegria, pois de repente, o cabelo perdido criou novas possibilidades. Com isso, talvez a finalidade se tornaria possível: a entrega dos cabelos no hospital. O amigo Fernando também se inspirou, e como é de outra cidade, acho muito mais bonito que o faça por lá.
Dois dias depois, no domingo a noite, Karla me avisa que ela e sua mãe passaram na Rodoviária e antes de adentrar, perceberam uma mecha na rua. Estava suja, pisoteada, com um desgaste típico de algo que virou lixo em nossas vias públicas. Nesse momento, senti um pouco de paz em saber que meu cabelo foi encontrado. Me entristeci por não ter conseguido entregar. Tudo bem, acho que tudo tem uma finalidade, e de repente, era pra ser assim mesmo.
Ontem, estive no meu trabalho visitando uns colegas e contando um pouco da saga. Até a Natália gostou da ideia pra caso mude o visual por agora. Tem meu total apoio!
Nesse momento, tenho muito mais a agradecer do que ficar triste. A solidariedade e empatia provocada por essas postagens me dão muita fé na humanidade. Sim, sou teísta, acredito em Deus, em Jesus Cristo e convivo bem com meus amigos que possuem outras posturas frente à fé.
Por isso eu digo que todos que curtiram, compartilharam, me deram palavras de solidariedade como o Arthur me ajudaram de alguma forma. E continuam ajudando. O melhor. Isso tudo não é por mim, mas sim por um bem comum que vale muito mais do que o individual. Aqui não importa o que eu faço, mas sim o destino desses cabelos.
O Hospital Araujo Jorge recebe doações de cabelos. A maioria dos hospitais da Associação de Combate ao Câncer, penso eu, também.
Esse é o site do nosso hospital goianiense, talvez na internet existam os outros. Pelo que eu vi, a Associação é nacional:
segue aí:
Home
Uma peruca feita com esse cabelo pode significar um muito pra quem o recebe. Todos sentimos um sopro de confiança quando mudamos o visual. Os elogios dos amigos, familiares nos dão muita alegria. Isso interfere sobremaneira no nosso dia a dia.
Pra quem enfrenta um malogro tão intenso, isso pode significar um impulso maior na vontade de se curar. Já viram que quando nossa auto estima está lá no chão até as doenças parecem se aproveitar para atacarem? É.. baixa estima também reduz nossa imunidade. Dá pra imaginar porque é tão importante uma peruca pra alguém que perdeu todos os pelos do corpo, inclusive o tão valorizado cabelo, né?
Além de tudo isso, perdi um tio para o Câncer. Foi uma batalha dura. Quem convive conosco sabe o quanto sofremos com a partida do Maneco há cinco anos. Sempre me senti um devedor por isso. Sei que sua passagem aqui não foi em vão. Ele foi uma referência paterna pra mim. Então imaginam o quão pesada foi sua perda, não é? Meu bigode usado nos últimos shows se tornou uma forma de homenageá-lo, penso eu. Ele também era fã do Queen como minha tia/mãe Eni e usou bigode durante algumas décadas. hehehe Quando soube que meu disco infantil ouvido nos tempos de bebê era o Flash Gordon, me identifiquei ainda mais com ele.
Sem cabelo e sem bigode. Será que teremos doações? Espero que sim. 🙂
Enfim, acho que isso explica toda a saga do cabelo. hehehehe
Edit:
Novo capítulo na saga do Cabelo. Juliana me informou que o Araújo Jorge está com a campanha em suspenso. Nesse momento sobra cabelo e falta mão de obra para confeccionar as perucas. Eles também aceitam diversos tipos de doação. Hoje, o hospital urge por doação de sangue, de todos os tipos. Quem costuma doar, é só aparecer lá, ou ligue no número informado na imagem abaixo.
Já que não serve cabelo, serve mão de obra e muitas outras coisas. A galera necessita!
Ou então sei lá, talvez os hospitais de outras cidades também necessitem de cabelos, sangue, roupas, doações diversas, enfim, qualquer coisa.
Um ótimo dia a todos, e fiquem com Deus.
Abraços a todos.